Nós estamos sempre à espera de algo bom acontecer para que nos sintamos felizes, porém a positividade dos eventos depende unicamente da nossa interpretação. O nosso cérebro é intuitivamente especialista em guardar e repassar coisas ruins; resquício do homem pré-histórico, onde era mais vantajoso lembrar se um leão tentaria atacá-lo do que lembrar do por do sol vermelho do dia de ontem. Entender que os nossos momentos de pequenas alegrias são pouco percebidos e armazenados porque nossa mente tende a ignorá-los é algo que nos permite fazer algo a respeito: aumentar nossa atenção a esses momentos e saboreá-los.

A psicologia positiva define o savoring como o uso consciente de pensamentos e atitudes que prolonguem, gerem ou intensifiquem o prazer do momento. Aguçando os sentidos por poucos segundos (10-12 segundos) por experiência positiva aumentamos nossa sensação de felicidade. São comportamentos focados numa interpretação emocional positiva de uma experiência. Acontece em momentos “banais” como quando ouvimos risadas de quem amamos, recebemos abraços de pessoas queridas, ganhamos um brinde, damos a primeira garfada de uma refeição, recebemos uma gentileza, fazemos uma pausa para o café: se são vividos com a nossa inteira presença, e com a repetição, o savoring acaba virando um hábito. É como se fosse uma malhação mental, ou como entrar num micro-spa mental com frequência e sair cada vez mais fortalecido.Pessoas que praticam o savoring demonstram-se mais otimistas, autoconfiantes e extrovertidas e menos propensas a sentir depressão, culpa, vergonha e stress. Isso porque os indivíduos passam a enxergar, até nos momentos ruins, o lado positivo de cada situação, o que provoca prazer e emoções positivas.

O savoring pode acontecer de 4 formas: agradecimento, admiração, deleitamento e encantamento. E também, o savoring pode acontecer antes, durante e após um acontecimento positivo. É um hábito mental que nos fortalece e aumenta a resiliência, nos tornando capazes de adotar perspectivas mais equilibradas e positivas ao longo do dia. Na vida as tristezas parecem vir fortes e as alegrias pulverizadas, por isso é interessante desenvolvermos esse hábito “antinatural” de valorizar com mais frequência e presença os pequenos acertos e bons momentos.